quinta-feira, julho 23, 2015

Abuso de poder em diversos sabores

Os brasileiros, especialmente os de classe média-alta, acham que nosso país é muito especial pelas coisas absurdas que acontcem por aqui. Geralmente eu discordaria, e atribuiria esta percepção a uma visão de mundo ecocêntrica e uma ignorância ilimitada a respeito dele (ir pra Miami torrar dinheiro não conta como ver o mundo na minha opinião)

Mas eu realmente acho que temos características peculiares por aqui (discordando sem grandes bases do livro do meu avô sobre a inexistência do conceito de caráter nacional). Mas ao contrário dele, eu não pretendo me tornar catedrático da USP (também não sei se deficientes chegam a tais alturas), então posso especular à vontade.

Pra mim somos paradoxos ambulantes. Temos os menores biquinis do mundo, além dos métodos de depilação que são usados em conjunto. Ambos são famosos no mundo todo. A sensualidade da mulher brasileira é como se fosse um produto tipo exportação. E ainda assim estamos muito acostumados a julgar e condenar moralmente as mulheres que têm uma vida sexual ativa. 

Isso me leva a pensar que não valorizamos a beleza insinuante das brasileiras. Tratamos esse predicado como um produto de consumo masculino, objetificando as mulheres. Ao invés de dar poder às mulheres, a beleza delas se torna mais uma sórdida prisão (ainda que com uma linda vista).

Assim como os traseiros das moças em nossa costa ensolarada, os preconceitos também estão à mostra por aí, apesar de uma certa sensação de inferioridade e vontade de agradar os outros (é vô, de novo a história do homem cordial...) O curioso é que essas contradições constantes criam anomalias, como a nossa extrema direita. Esses caras são a condensação perfeita de tudo que há de escroto na nossa cultura. Tanto que um deputado federal reeleito chamado Jair Bolsonaro teve a pachorra de dizer abertamente que não estupraria uma colega congressista porque ela não merece (insinuando que ela não é atraente o suficiente para que ele se sentisse suficientemente motivado).

Nesse caso eu acho que o fulano foi um pouco longe de mais. Talvez as pessoas digam isso no Sudão. Mas trata-se de uma zona de guerra, e todo mundo sabe que estupro e assassinato são práticas comuns nessas circunstâncias. Não me parece o caso no congresso nacional. M as na minha opinião, o abuso de poder acontece em todo lugar. Ele assume formas e cores diferentes, mas na verdade é sempre o mesmo velho fenômeno. Pode ocorrer em empresas do mais alto gabarito, praticado tanto por homens quanto por mulheres, no congresso ou em um campo de batalha.

Algumas pessoas se esforçam muito pra entender como o holocausto aconteceu na Europa há mais ou menos 75 anos. Outros têm a cara de pau de negar a existência dessa tragédia (o que não só é uma conduta estúpida dada a quantidade de provas irrefutáveis do que aconteceu, como também desprezível). 

Não estou mínimamente interessado nos últimos. Pra mim eles podiam todos falecer rapidamente, para nossa alegria. Para os outros, aqueles que não entendem o que aconteceu, a minha resposta simples é a sede de poder. Ela está sempre rondando e é altamente recompensada pela nossa sociedade porque retroalimenta a lógica de manutenção do sistema tal como é hoje: cria mais riqueza para aqueles que já são ricos, mantendo o status quo. Alimenta a discriminação que por sua vez justifica a desigualdade sem criar uma guerra.

Tenho certeza absoluta de que as pessoas sedentas por poder foram muito úteis em algum lugar na nossa história evolutiva. Mas agora elas são provavelmente a maior ameaça de riscar a humanidade da face da Terra por serem fundamentais na manutenção de desequilíbrio em escala planetária, pensando somente no próprio benefício delas. Então a menos que as pessoas que detestam o poder resolvam fazer alguma coisa a respeito, essa corja vai conseguir exatamente o que deseja, custe o que custar ao resto de nós.

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