segunda-feira, julho 10, 2006

Orkut parte I

As pessoas se comportam como manadas e isso é mais velho que andar pra frente. E nesses loucos tempos de hubs, webs, sites, x-men, flashpower e etc o orkut é um grande exemplo disso. Esse mar de fotinhos interligadas já foi uma coisa bacana e descolada. Provavelmente esse deixou de ser o caso quando a sua tia avó veio comentar sobre isso com você. De uns tempos pra cá o site se tornou apenas mais um desses serviços indispensáveis pelos quais ninguém paga um centavo. Aliás não é de hoje que existe uma tremenda dificuldade em se definir uma necessidade (economicamente falando). Seja como for, é muito interessante prestar um pouco de atenção no comportamento das pessoas em relação a esse tipo de novidade. É claro que para isso você tem que estar desempregado e de férias da faculdade. Se esse não é o seu caso, deixa que eu faço isso pra você.
Por coincidência ou não, o Brasil é o único país onde esse site deu certo. E como os brasileiros são um tanto quanto frustrados em matéria de realizações nacionais (até no futebol ficamos devendo), existia toda sorte de mensagens ufanistas a respeito da participação de nosso país nesse fantástico mundo novo (acho que esse texto tá ficando meio didático e chato mas...). De qualquer maneira, o fato é que o orkut é composto basicamente pela classe média-alta paulistana e branca salvo raras e heróicas exceções. Esse predomínio claro talvez reforce as semelhanças que há entre o Orkut e os shopping centers dos bairros nobres de São Paulo.
No mundo do orkut (que expressão mais brega) as pessoas se reduzem a fotos mais ou menos do tamanho de uma 3x4 (dependendo do seu monitor). É claro que existem espaços para os dizeres da figura em questão em que se colocam letras de músicas com erros ou poesias de gosto pra lá de duvidoso. Mas as fotos certamente têm um lugar muito especial no coração de quem dedica alguns minutos do seu dia para vislumbrar o panorama da sua existência social.
O processo de escolha dessa fotografia é tão doloroso quanto risível. Eu por exemplo devo ter tirado umas 50000 fotos até obter a que coloquei carinhosamente no ar. Em 25% delas eu estava a cara do Amaral (o cabeça de área de Notre Damme). Em outros 75% eu estava apenas muito feio (mas sem me parecer com ninguém famoso). Nos 25% restantes simplesmente não fui com a minha cara (são porcentos pequenos). De toda maneira, depois de muitas horas de sangue, suor e lágrimas no Photoshop, eis o magnífico resultado que obtive. Sei que eu sou bastante mais maluco que a maioria das pessoas. Mas imagino que esse processo seja problemático para todo mundo em graus diferentes. Isso pode ser comprovado pelo fato de as pessoas serem em média 25% mais feias ao vivo do que são naquelas fotos que adornam suas páginas pessoais (esse negócio de inventar dados supostamente verossímeis deu muito certo pro Geraldo Alckmin por isso vou fazer também). A razão dessa inquietação com a foto é o simples porém poderoso fato de estarmos colocando nosso produto na vitrine esperando despertar o interesse de outros consumidores apressados e indiferentes. Mas o produto somos nós mesmos. Isso porque o site oferece um ambiente perfeito para quem busca contato social sem correr o menor risco de um contato social.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pablito...
eu amo o seu jeito de escrever.. as suas reflexões são mto inteligentes....
vou sentir falta de ouvir suas opiniões qdo vc estiver na Dinamarca...
beijosssss